Tratado de Paz de Ayllon-Segóvia
Eis o artigo publicado no sítio Opera Mundi:
"Mediante o Tratado de Paz de Ayllon-Segóvia, a Castela espanhola reconhece Portugal, pondo um termo à crise dinástica de 1383-1385. A morte de Fernando I de Portugal em 1383 fez vir à tona as tentativas de anexação do reino português pela coroa de Castela. Apesar de as Cortes de Coimbra terem escolhido, em 1385, um novo rei, João I de Portugal, o rei João I de Castela não desistiu de tentar conquistar um novo reino para si e invadiu Portugal.
O exército castelhano era muito mais numeroso mas, mesmo assim, foi derrotado na Batalha de Aljubarrota (14 de agosto de 1385) graças à tática inventada naquela altura à qual deram o nome de "tática do quadrado" . João I o Bom (1358-1433), Grão-mestre da Ordem de Aviz, se apodera do trono depois da vitória esmagadora sobre as tropas castelhanas. Os exércitos portugueses foram comandados, mais uma vez, por Nuno Álvares Pereira, nomeado por João I de Portugal Condestável do Reino.
Em 31 de outubro de 1411 foi assinado um tratado de paz entre os reinos de Castela e de Portugal em Ayllon. O acordo também incluía a França e Aragão. O tratado foi ratificado pelos dois reis. No entanto, foi feita uma nova ratificação do tratado quando D. João II de Castela atingiu a maioridade, em 30 de abril de 1423. O acontecimento ainda fazia parte dos problemas vividos entre as duas mais importantes coroas ibéricas durante a crise de 1383-1385.
As tréguas eram extremamente importantes para Portugal, pois permitiam a manutenção da praça de Ceuta. Entretanto, a paz definitiva só foi alcançada pelo Tratado de Medina del Campo, assinado em 30 de outubro de 1431. D. João I, o monarca português, enviou a Castela, como seus embaixadores, Pedro e Luís Gonçalves Malafaia, assistidos por Rui Fernandes e pelo secretário Rui Galvão.
Antes desta data, o período de paz conseguido pelas tréguas permitiu retomar o povoamento das zonas limítrofes e fixar as populações. Permitiu também que fosse implementado o comércio nas áreas fronteiriças, com a retomada das seculares relações de vizinhança entre as povoações dos dois lados.
A situação de conflito com Castela foi mantida até 1411 e acabou endividando o país com as despesas de guerra. Contudo, a fase vivida entre esta data e a assinatura definitiva do tratado de paz afastou por completo a ameaça de uma invasão castelhana, embora não tivesse desvanecido um permanente clima de tensão entre estes dois reinos.
Durante todo o reinado de D. João I, o país viveu sob esta ameaça e num clima de suspeição relativamente a Castela, embora Portugal tenha encontrado uma boa alternativa ao voltar-se para Marrocos e para o Atlântico, enquanto o rei de Espanha se ocupava da conquista de Granada, o último reduto muçulmano na Península."
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